Paternidade.
Primeiras impressões.
Ah, a Paternidade! Este milagre transforma qualquer ser humano razoavelmente funcional em um especialista instantâneo em fraldas e canções de ninar com melodias tão hipnotizantes quanto uma vuvuzela tocada por um rinoceronte. E quem diria que, no meio desse turbilhão de babadores e mamadeiras, estaríamos vivenciando a tão almejada “profundidade de vida”?
O bebê chega e, de repente, somos todos filósofos de plantão, versando sobre a existência, vulnerabilidade e outras palavras que nunca apareceriam numa conversa de bar. “A paternidade nos torna vulneráveis”, dizem os iluminados de fraldário. Pois é, nada como ser acordado às três da manhã por um berro que faria uma sirene de ambulância corar de vergonha para sentir a fragilidade da vida humana. Se isso não te torna vulnerável, meu amigo, nada mais o tornará.
E a beleza de ver nossos trejeitos replicados nessas criaturinhas? Você sempre sonhou que seu rebento herdaria aquele seu jeito charmoso, mas não...ele herda todas as suas caretas e seu nariz de batatinha. [Minha mulher literalmente pariu um mini-me]. Afinal, onde mais você teria a oportunidade de ver seu próprio nariz batatinha refletido na cara inocente de um bebê? É como se olhar no espelho depois de uma noitada, só que mais fofo e com menos ressaca.
Não é que essa experiência "profunda e complexa" não tenha seus encantos. A verdadeira joia da paternidade é a enxurrada de lições que nossos filhos nos dão. Lições essas que, claro, nunca pedimos. É como se inscrevêssemos num curso intensivo de autoaperfeiçoamento com um tutor que mal sabe controlar a força que deve fazer para evacuar. Ah, como é bom ser lembrado pelo seu pequeno Dalai Lama de dois meses que a vida é simples e as preocupações são futilidades, enquanto ele faz uma obra de arte digna do cubismo modernista em sua pequena fralda, manchando até a nuca de fezes.
E para finalizar com um toque de sabedoria que só a experiência paterna pode proporcionar: a paternidade é mesmo uma jornada. Uma jornada que começa no hospital, passa por noites sem dormir, infinitas trocas de fraldas capazes de absorver o Dilúvio, brinquedos no meio da sala e termina...bem, não termina nunca. Porque ser pai é como assinar um contrato vitalício onde a cláusula mais importante é: “você nunca mais vai se sentir totalmente no controle, mas vai amar cada segundo disso”. [Ou quase todos. rs]
Então, caros amigos, o que nos resta? Abraçar a vulnerabilidade, rir dos trejeitos e aceitar as lições do nosso pequeno mestre. Porque, no fim do dia, a paternidade é como um reality show: você não faz ideia do que está fazendo, todo mundo está assistindo e julgando, e de alguma forma você ainda acha que vai ganhar alguma coisa com isso. Mas não fique triste, pelo menos você ganha um mini-você para compartilhar suas manias e neuroses!
E se nada mais funcionar, lembre-se: sempre haverá uma mamadeira para consolar.
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