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Sexta-feira 13.


Certa vez Franz Kafka foi questionado por seu amigo Max Brod: "Kafka, você acha que existe esperança para nós?". E este, pessimista de carteirinha, respondeu: "Ha muita esperança, esperança infinita, meu amigo. Mas não para nós." Confesso que sexta-feira (a fatídica "sexta-feira 13") dormi de modo bem "Kafkiano", esse modo desesperador, claustrofóbico e traumático, a qual não se visualiza uma possível solução no dia seguinte. 

Sábado, acordei com o coração pesado, triste, e a alma mais uma vez no fundo do bolso. Um silêncio sepulcral dominava a manha de sábado em Paris. Silêncio este que fora quebrado somente pelas sirenes de ambulâncias, carros de policia, carros fúnebres e mensagens no celular. Fomos bombardeados por videos e noticias tristes o dia todo, porém fui recompensado por uma enxurrada de mensagens de amigos, familiares, gente - literalmente - "dos 4 cantos da terra". 

E graça a todas essas mensagens acordei hoje, domingo 15 de novembro de 2015, de forma mais "Martin-Luther-KingIANA" (se assim poderia dizer). Com aquele sentimento do "I Have a Dream Speech" no coração e na cabeça! Acordei de modo mais "Paulino". 

Paulo escreve em Romanos 8:24,25: "Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos." Ha esperança de uma mundo melhor? Sim! Não vejo esperança, mas sei que ela existe. 

Voltamos, mais uma vez, para o pensamento de Eduardo Galeano: 

"A utopia (de ter esperança) está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia (de ter esperança)? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."

Martin Luther King disse em seu famoso discurso (reforçando a ideia de sempre caminhar): 

"(...) And as we walk, we must make the pledge that we shall always march ahead. We cannot turn back (...)".

Com esse mesmo sentimento e pensamento, Friedrich Nietzsche escreveu: 

"Demore o tempo que for para decidir o que você quer da vida, e depois que decidir não recue ante nenhum pretexto, porque o mundo tentará te dissuadir."  

E parafraseando o profeta Zarathrusta de Nietzsche, o pai do Professor Clovis de Barros Filho disse:

"(...) demore o tempo que for pra ver o que você quer da vida, e quando estiver la, pra trás nem-pra-pegar-impulso! Por que não vai faltar quem queria te ferrar!*". 

Contudo, esse caminhar por vezes é perigoso pois esta inflamado de falsos discursos, daqueles que se aproveitam dos seus "15 minutos de fama", sem fundamentos, sem ética ou moral, conduzindo a humanidade a um abismo que poucos conseguem enxergar. Afinal, "se um cego guia outro cego, ambos cairão no abismo" (Mateus 15:14). E quando estamos à beira do abismo, a melhor solução é retroceder, não avançar.  

Meu sentimento "Martin-Luther-KingIANO/Paulino" neste domingo é: que a esperança tenha sua base no amor. No Amor fraternal. "La Fraternité", como gritam os ideais da França. Amor pelo próximo, com respeito e afeto. Aquele Amor descrito em João 3:16 e depois explicado em 1 João 3:16:

"(João 3:16) Porque Deus amou o mundo de tal maneira que DEU o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (1 João 3:16) Nisto conhecemos o que é o AMOR: que Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos."
Coincidência? Não... 

#PrayForTheWholeWorld.

Comentários

  1. Parabéns Thiago por excelente meditação!

    Não conhecia esta frase de Galeano. Usarei partes do seu texto em minha próxima homília (para ficar bonito). Um forte abraço.

    Marcos Bueno

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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