Este post nasce em um momento bastante especial da minha existência. Traz, de um lado, os fragmentos de que toda enumeração é uma estupidez, e de outro que qualquer tipo de formulário emocional é uma passagem sem escalas para frustração.
Acredito que todo ser humano deseja estar e se relacionar com gente culta, atenciosa, interessante, divertida, inteligente, charmosa, sexy, bonita, com ambição e trabalhadora. Oras, quem não?!
Quem de vocês, meninas, já não ficou enfeitiçada com citações, elucubrações e teses da rapaziada?! Aquela cantada “chicobuarqueana” na lata! Ou toda animada com a enxurrada de “like attack” do crush nas redes sociais!? Hein?!
Mas de nada adianta um perito em física quântica, se o cara não rir das pequenas besteiras que faz, ou se não souber aproveitar um domingo chuvoso simplesmente não fazendo nada. Da mesma maneira que não adianta uma executiva-independente-linda-modelo-bum-bum-da-Izabel-Goulart se não souber rir de um video tosco da internet.
Aí você pensa: então na verdade o bom humor é o que mais te atrai em alguém! Só que nem tudo nessa vida é uma piada e, em certas horas, tudo o que você deseja é alguém que te escute e diga algo que te conforte a alma. E fazer piadas nestes momentos é o pior que este cidadão pode te oferecer. Querido(a), existe uma grande diferença entre alegria de viver e a recusa a sair da infância. Voilà, não é bom humor o que te faz amar alguém. É, então, a sensibilidade!
Mensagens de “bom-dia” e “boa-noite” no WhatsApp; atenção àquelas coisas banais do teu dia-a-dia; não ficar arisca com as tuas oscilações de humor (e essas tenho aos montes, ja que não acordo cuspindo arco-íris); não reclamar de ter a coberta roubada durante a noite e simplesmente continuar feliz e dormindo; não reclamar das saídas, passeios; viver uma relação algodão-doce; não ter ciúmes, entender e compreender toda e qualquer situação sem reclamar ou questionar…..é…..sério?! Não reclamar de nada? Não discordar de nada?! Sempre está tudo bem?! O clima, a comida, o rolê?! Tenho personalidade forte, e não aguento estar com uma "princesinha-criada-no-prédio-da-avó". Gosto de gente com brio, com historia. Mas não um Shrek! Um ogro! Aí você pensa: então o negocio é o tal do carinho, não sensibilidade.
Putz, mas carinho é um sentimento amplo demais: nos invade desde a visão de um cachorrinho abandonado até o gesto de ajuda para alguém que pouco nos importa mas a quem também não queremos mal. Ah não…mas…não basta, ainda assim é muito pouco.
Enumerações, formulários emocionais, constatações demais, análises demais, mapa astral demais, ascendente em lua na casa 10 do planeta……..…..........
Coisas demais.
Mesmo assim, de todos esses fragmentos frustados, me dei conta de um muito importante. Talvez o essencial. Para que eu amasse alguém bastava notar no outro o desejo de estar comigo, a vontade de ficar. Com meus erros e acertos, minhas fases boas e bonitas, fases tristes e complicadas. Conhecendo o que tenho de bom e de ruim e, mesmo assim, querer ficar.
Claro que todos nós desejamos gente culta, atenciosa, interessante, divertida, sincera, sensível, carinhosa. Seria mentira negar. Mas a verdade é: para que se ame alguém, basta que se ame alguém. Simples assim. Porque, quando se precisa enumerar e justificar o amor...ah, é porque este não existe.
"Ora, pois; mesmo às cegas, burramente, amemos - já que "para isto somos nascidos". (Rubem Braga)
"Ora, pois; mesmo às cegas, burramente, amemos - já que "para isto somos nascidos". (Rubem Braga)
Bonne semaine à tous.
Amor por amor, é o que basta... Nisso, já temos toda a complexidade e um compacto de sentimentos! Ótimo texto!��
ResponderExcluirQueria não ter que deixar o comentário como “anônimo”. Mas ainda sou covarde e não consigo expor sentimentos e curiosidades. E foi um rompante de curiosidade que me trouxe até aqui. Te observo, de longe e discreta. Sem criar fan fics juvenis. Apenas porque não sei se devo me aproximar. E também não sei como fazê-lo. Apesar disso, excelente texto! Compartilho de boa parte dos pensamentos.
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