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Do Berro ao Bolo: O Ano Que Eu Não Escolhi Te Amar, Antonio.

Hoje Antonio faz um ano. Um.       Ano. O tempo, depois que você vira pai, não passa — ele te atropela de ré, em câmera lenta, com a trilha sonora de um berro primal e cheiro de fralda morna no ar. Aliás, esse tal “tempo” é uma ficção criada por mães exaustas e filósofos que nunca trocaram uma fralda às 3h da manhã. Porque desde que esse ser de 75 cm e quase 10 kg chegou, os dias deixaram de ter lógica. Cada hora dura quatro semanas e, ao mesmo tempo, passa num espirro — ou num pum que assusta e vem com bônus surpresa. Esqueça relógio. Meu calendário agora se mede em mamadeiras, fraldas e agressões com mordedores em forma de girafa. Eu não acordo mais — sou expulso do sono com a sutileza de uma sirene de incêndio e a ternura de um chute de UFC na traqueia. Sou evocado. Convocado. Arrancado da cama por um grito que mistura o pavor de Hitchcock com a urgência de uma reunião do G20. Tapas, cotoveladas e uma auréola de caos me despertam como se eu fosse figurante em Apoc...
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O Algoritmo Me Fez Fazer Isso (Juro)

Lembra daquela sensação gostosa de fazer uma escolha? Tipo: “Hoje eu vou assistir o que eu quiser, comer o que der vontade e vestir o que tiver a ver comigo” ? Pois é. Isso morreu. Foi discretamente enterrado entre os cookies do seu navegador, num caixão forrado de notificações e sugestões “pensadas especialmente pra você”. Em 2025, o livre-arbítrio virou lenda urbana — tipo honestidade em reality show ou Wi-Fi de aeroporto que realmente funciona. Acreditar que ainda tomamos decisões por conta própria é tão convincente quanto acreditar que aquele anúncio de tênis apareceu por acaso logo depois de você comentar, casualmente, que estava “precisando de um tênis novo” — ao lado do celular, claro. A gente acorda com um despertador “personalizado”, escolhido por um app com base no nosso “cronotipo ideal” (porque até dormir virou um espetáculo de alta performance). Começa o dia ouvindo uma playlist montada por um robô que jura nos conhecer melhor que nossa própria mãe. E na hora do almoço,...

Paternidade. Primeiras impressões.

Paternidade.  Primeiras impressões.  Ah, a Paternidade! Este milagre transforma qualquer ser humano razoavelmente funcional em um especialista instantâneo em fraldas e canções de ninar com melodias tão hipnotizantes quanto uma vuvuzela tocada por um rinoceronte. E quem diria que, no meio desse turbilhão de babadores e mamadeiras, estaríamos vivenciando a tão almejada “profundidade de vida”? O bebê chega e, de repente, somos todos filósofos de plantão, versando sobre a existência, vulnerabilidade e outras palavras que nunca apareceriam numa conversa de bar. “ A paternidade nos torna vulneráveis ”, dizem os iluminados de fraldário. Pois é, nada como ser acordado às três da manhã por um berro que faria uma sirene de ambulância corar de vergonha para sentir a fragilidade da vida humana. Se isso não te torna vulnerável, meu amigo, nada mais o tornará. E a beleza de ver nossos trejeitos replicados nessas criaturinhas? Você sempre sonhou que seu rebento herdaria aquele seu jeito char...

A Santidade do Ódio e a Cosmética da Fé

A Santidade do Ódio e a Cosmética da Fé Vamos direto ao ponto. Embora eu não seja um santo - aliás, nem perto disso estou - e reconheça que os pecados são nossos amigos mais íntimos, tenho aqui uma grande incógnita para dissecar: decodificar o código Morse do preconceito em nome da divindade, um assunto que chega a arranhar minha alma, e acredite, ela já está tão arranhada quanto a casca de um coqueiro em praia de surfista. Você se lembra da história Bíblica do "Bom Samaritano", não? Aquele sujeito que, embora desprezado pela sociedade, teve a decência de ajudar um estranho em apuros, enquanto todos os outros passavam batido. Pois bem, na nossa versão moderna do "Bom Samaritano", este personagem está um pouco confuso com essa temática. Ele não perde um culto/missa dominical sequer, mas não estende a mão pro mendigo que está na porta da igreja. É aquele que repete " amar ao próximo como a si mesmo ", mas decide que alguns " próximos " não se enqua...

O Suplício Encantado de Reaprender a Dança das Letras

O Suplício Encantado de Reaprender a Dança das Letras Ah, os gloriosos campos da literatura. O vasto espaço em branco que espera pacientemente as manchas de tinta do autor que, após um longo hiato, decide retornar ao redil. Reaprender a dança das letras, meus caros, é um bicho de sete cabeças, um emaranhado de sentimentos, um caldeirão de desespero e, às vezes, um tanto ridícula. Ainda assim, aqueles dentre nós que ousam dançar com as palavras uma vez mais encontram-se em um verdadeiro campo de batalha. Lá estão eles, os escritores retornantes , frente a frente com a temível página em branco, equipados com nada mais que um arsenal de canetas e um vasto deserto de ideias que se recusam a se formar em frases completas. Durante a pandemia, as palavras pareciam ter fugido de mim como um bando de pombas assustadas. E imagino que você também tenha vivido algo semelhante. O isolamento, a sensação de estar preso em um looping infinito de dias cinzentos, a insuportável leveza de parecer viver ...

(Re)viver.

Existem momentos da nossa existência que são feitos para (re)flexão . Para uns, datas festivas como Natal, Páscoa, para outros o casamento, o nascimento de um bebê, ou a morte de um ente querido. Pra mim, é a semana do meu aniversário. É este o período onde ciclos se fecham para que uma nova jornada possa dar início.  E hoje, a caminho do trabalho, pedalando minha magrelinha no melhor estilo #FariaLimaElevator , dei aquela ( re)visitada no baú das memórias vividas nesses meus 35 anos de “andanças e peripécias”, e me ( re) lembrei de tantas coisas, ( re) cliando momentos e sentimentos.  ( Re) lembrei de como tudo e todos que já passaram pelo meu caminho fazem parte da minha história, para o bem ou mal, e de como, de alguma maneira, eu também faço parte da história deles. ( Re)lembrei de muitas coisas que não couberam nas minhas lembranças, e por isso acabei dividindo com aqueles que cruzaram com a minha vida, mas também ( re) lembrei de algumas que eu guardo s...

#Partiu2018

“Life is a journey” , já disse o poeta-internauta. E se a vida é uma viagem, que a cada 365 dias é renovada com um novo bilhete - trocamos o bilhete n°2017 pelo n°2018 -, precisamos levar alguma bagagem. Malas. E por vezes, o processo de preparar as malas é meio chato, mas necessário.  Oras, o que colocar na mala de 2018, então? (O que você colocaria na tua mala?)  Enquanto olho ao redor de 2107, decido o que entra e o que fica fora da mala de 2018: - Roupa preta vai pra mala.  Quem nunca ouviu que “um pretinho básico” nunca erra?! (E as blogueiras dizem amém!). É a coisa mais versátil que tem, não!? E “versatilidade” entra comigo em 2018. Principalmente gente versátil. Sabe, aquelas pessoas que estão lá quando o sol tá rachando e a festa pegando, mas também continuam quando tudo vira noite, as “ bad vibes ” batem e dúvidas e incertezas consomem o sono.   - Passaporte entra na mala! Se a vida é uma viagem, bora viajar mais em 2018! Viajar é co...